Nascemos livres.
A criança nasce totalmente ingênua e é no convívio com a sociedade que ela vai aprendendo a se tornar preconceituosa. Quando um bebê chora ao ver uma pessoa, ele está aprendendo a conhecer as pessoas novas. Qualquer reação que as pessoas significativas ao seu redor tiverem, ficará marcada em sua memória como um conceito que ele usará na vida. Se os adultos reagirem de forma negativa, tirando-o de perto da pessoa, ele pode entender que a aparência é algo que perturba e começa a aprender a rotular o diferente.
A criança não aprende pela palavra, mas pelo exemplo. Para ensinar qualquer coisa, você tem que viver a coisa, acreditar naquilo que prega fazendo disso parte do seu dia-a-dia. Sempre se pergunte: eu faço o que espero que meu filho faça? – Faça uma análise da sua vida. Como você se sente e vê as diferenças físicas, emocionais, econômicas do outro? Você é daqueles que fica o tempo todo apontando o defeito das pessoas? “Nossa, que mulher feia! Que gordo! Olha essa roupa…Tinha que ser mulher!”. Você se incomoda com aquilo que acha “estranho” ou que não existia no “seu tempo”?
É extremamente importante atentar para cada reação e atitude que se tenha perto de uma criança, pois ela introjeta tudo que vivencia formando conceitos e crenças. Se quando você cruza com um paraplégico na rua você sente pena e fala “que dó”, ou diz em casa o quanto “aquela pessoa é gay”, que tipo de ideia você pode estar passando para ela sobre estas pessoas? O preconceito e a discriminação são construídos nos pequenos detalhes do cotidiano.
Diferença de gêneros
Além disso, são ensinadas sobre as diferenças de gênero de acordo com o que os pais acreditam ser o certo e com o que lhes foi passado pelos seus antepassados, cercando-as de estereótipos e generalizações, embutindo mais conceitos sobre o que é ser menina e menino.
Conforme vão crescendo, os pequenos vão tendo que lidar com as diferenças e elaborar seus próprios conceitos com base no que aprenderam até o momento. Na escola, terão mais contato com as diferenças culturais, econômicas, raciais, religiosas e vão começar a demonstrar o que sentem. O diferente pode causar medo, insegurança, rejeição, curiosidade e até dar raiva. É importante mostrar as diferenças ressaltando a positividade delas; isto não é motivo de intolerância e incômodo. Mostre que as diferenças agregam e não atrapalham.
Dicas:
Algumas dicas para ajudar seu filho a crescer sem discriminar as diferenças nem formar preconceitos vazios:
1- Sempre que tiver oportunidade, ao ter contato com a diversidade (pessoalmente ou pela TV…) converse sobre isso com seus filhos. Sonde o que acham/sentem. Mostre que todos são únicos por terem diferenças e que o aspecto físico, a cor, a raça não são comparáveis, pois são características importantes de cada um. Reforce a importância do respeito e dos valores pessoais, acolhendo também os diferentes gostos e escolhas. Incentivar o raciocínio crítico deles pode ser uma ótima prevenção contra o preconceito.
2- Em casa, mostre que você também respeita as diferenças. Respeite seus filhos, seus espaços e momentos. Cobre as regras, mas entenda que cada um tem seu tempo e modo de fazer as coisas. Trate bem a todos do convívio e use o diálogo para solucionar conflitos.
3- Pergunte sempre sobre a escola e amigos deles, ficando atento a qualquer situação ou comentário que lhe chame a atenção neste sentido. É muito importante que a escola de seus filhos acolha a diversidade e que esteja alinhada com suas crenças e valores. Atente se os pais e os professores falam a mesma língua que você e aproveite os momentos juntos para analisar a postura dos pais dos amiguinhos em relação a isso. Pais que fazem panelinha, que excluem crianças que não sejam tão íntimas, que não se preocupam com o bem estar de todos estão ensinando o mesmo aos filhos.
E mais…
4- Ao perceber que seu filho está discriminando alguém, sendo preconceituoso com as pessoas, converse com ele. Independentemente da idade, entenda o que o levou a este pensamento e da onde veio. Reveja se você não tem alguma influência nisso. Reassegure sua posição sobre isto e é importante ele saber o quanto isto pode prejudicar a VIDA da outra pessoa. Empatia é essencial para diminuir o preconceito: faça-o pensar sobre o que o outro pode estar sentindo.
5- O mesmo com o bullying. Observe se seu filho sofre ou faz bullying com os amigos e converse seriamente sobre as consequências disto para a vítima. Ensine que as diferenças não servem para serem apontadas nem ridicularizadas. Lembre-o sempre de se colocar no lugar do outro e respeitá-lo.
6- Ajude a seu filho interagir e conhecer mais os diferentes grupos raciais, étnicos, religiosos… Promova acesso fácil a culturas diferentes e outras realidades através de viagens, livros, filmes, museus, clubes, etc. Isso o ajudará a compreender o ponto de vista de outros e desenvolver mais empatia e solidariedade.
7- Aceite sempre que cada filho é único e especial e incentive-os a desenvolverem suas qualidades com respeito. Quando a criança sabe seu valor e tem uma autoestima equilibrada, é menos propensa a ter preconceitos e se incomodar com as diferenças.
E quando você perceber que tem alguns preconceitos e que não tolera certas coisas, repense seus motivos e tente se colocar no lugar dos outros. Saiba que preconceito esconde medos e inseguranças sobre sua autoimagem. Quem está feliz e satisfeito consigo e com a vida não se incomoda com nada mais. Quanto menos você tiver preconceitos e julgar as pessoas, mais perto estará de formar cidadãos de bem e empáticos. E eles saberão acolher as diferenças e fortalecer o mundo com mais paz e respeito.
Um beijo,
Rê Garcia
*Texto publicado no site parceiro Maternolatra.com.br.