Culpa por aproveitar a vida!?

Ainda hoje, muita gente sofre de culpa quando está fazendo nada, por ter tempo livre, quando está no seu momento de relax ou de lazer; ou por não ter um trabalho e estar bem com isso. Você já se sentiu assim?

A pessoa se culpa por ter aquela condição naquele momento, por estar aproveitando e não se privando ou se incomodando com aquilo, como se estivesse fazendo algo de errado. E acaba não conseguindo curtir o que vive.

Culpa

Culpa pelo quê?

Existem inúmeros motivos para essa culpa aparecer. E eles têm a ver com a historia da pessoa, com a educação que teve, com a sociedade em que vive, com os relacionamentos que mantém, entre outras coisas.

Há pessoas que acham que se estão sem nada para fazer, não estão produzindo e contribuindo para uma vida melhor, ou para a sociedade, para seu valor, para seu caráter, para com a família…

Há quem pense que se divertir enquanto está nessa condição de não fazer algo produtivo, é algo errado; significa que está mal acostumada/o, que é folgada/o ou preguiçosa/o. Como se não pudesse aproveitar aquele momento!

Tem também a culpa por ter tempo para si, enquanto a maioria das pessoas não tem; por poder desacelerar a vida, criando a própria rotina, enquanto os outros são “escravos” do tempo; culpa por poder escolher o que e quando fazer as coisas, enquanto as pessoas são submetidas às “regras do jogo da vida”; culpa por se divertir e ser feliz desta forma, enquanto muitos têm que se conformar com a realidade que têm.

E por trás dessas culpas todas, há muitas autocríticas como “não estar fazendo o esperado pela sociedade”, “não se enquadrar na realidade da maioria das pessoas do mundo”, “se divertir enquanto os outros se ‘ferram’” etc.

O que se valoriza aqui neste modo de enxergar a realidade, é o fazer/produzir, e não o SER. Como se só quando fazemos algo de útil é que estamos servindo à humanidade. Mas, quem disse que você não contribui para a sociedade, para sua própria evolução e para a evolução do mundo, independente do que “produza socialmente”, apenas sendo você, cumprindo seu papel de existir/de ajudar/de ser feliz, em vez de trabalhando?

Quem disse que fazer nada ou não ter um trabalho formal, é igual a “não produzir”??? (Esse, por exemplo, é o drama de quem cuida de casa, que muitas vezes é visto como “não fazendo nada”).

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E o que é “produzir, fazer algo útil”, afinal?!

Ainda há na sociedade quem valorize o esforço e o trabalho como sinais de cumprimento do dever, como retidão de caráter e como requisitos e justificativa para ser feliz e ter o que merece.

Valorizamos o quanto a pessoa trouxe de lucro para a empresa que trabalha, o quanto ela dá conta de todas suas tarefas, o quanto dá conta de cuidar dos filhos e da casa sem ajuda, o quanto se esforça, o quanto abre mão de coisas na vida, o quanto de coisas tem na sua agenda, etc.

Às vezes, rejeitamos e menosprezamos quem foge a esses padrões e nos cobramos esse mesmo papel, como se não fazer parte disso significasse ser menos importante.

Isso é notável quando criticamos quem não tem emprego, quem trabalha poucas horas por dia, quem trabalha de casa e faz seus horários, quem trabalha em casa, quem está curtindo o tempo livre sem culpa.

Apesar disso, está crescendo hoje em dia, uma nova  visão das coisas: estamos abrindo mais os horizontes e nos questionando sobre essas “exigências” internas e externas.

Estamos vivendo um momento de mudança em relação a essa mentalidade. A nova geração junto com a tecnologia vêm mostrar que não é mais preciso trabalhar mais de 10 horas por dia para produzir, ganhar dinheiro ou ter seu lugar ao sol. E eles mostram que não é preciso mais nem de um espaço físico para produzir e muito menos se sacrificar por um emprego, e que produzir não é, necessariamente, fazer tudo o tempo todo.

Essas crenças antigas estão sendo revistas e reformuladas!

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O que esses sentimentos significam?

Somos educados e criados com base nas crenças que nos são passadas por todos que fazem parte da nossa vida, por gerações. E muitas delas não teriam mais sentido nas nossas vidas presentes se as questionássemos. Contudo, fomos acostumados a tomá-las como verdades dentro da nossa microssociedade e levá-las para a vida sem ter a consciência dos efeitos que têm. Com isso, acabamos repetindo os mesmos valores e visão de anos atrás.

Crenças como: “só quem se esforça merece ganhar dinheiro”, “para receber algo da vida você tem que fazer por onde”, “quem não faz nada é preguiçoso, vagabundo, e não merece ganhar nada”, “aqueles que ganham algo e não trabalham 12 horas por dia, têm muita sorte ou algum privilégio”, “quem fica muito na folga, um dia paga caro por isso”, “a pessoa para provar seu valor tem que se sacrificar na vida!”, entre outras. Crenças de merecimento, de escassez, de validação, de aprovação…

E isso permeia nossa vida, nos deixando com o sentimento de culpa quando fugimos desse modo de viver. E por trás disso, vamos encontrando uma série de outras emoções como a vergonha e o medo de ser mal vista/o, de ser criticada/o, de ser excluída/o e rejeita/o.

“Como posso ser feliz e me sentir bem sem estar me sacrificando, sem estar trabalhando? Como posso conquistar as coisas com facilidade se não estou trabalhando duro? Será que mereço isso que tenho?”

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Como sair dessa autocobrança e autopunição

Parece até um absurdo alguém sentir culpa de ser feliz, né? Mas é mais ou menos isso que está por trás. E não deixa de ser uma grande autossabotagem (inconsciente)!

Para acabar com isso é preciso se questionar. Olhe para si, para o que valoriza e alinhe com o que deseja, independente do que a sociedade prega.

Pergunte-se que crenças podem estar por trás dessa sua culpa e medo. Veja se identifica na sua vida algumas das que escrevi acima e pesquise mais a fundo. Então, analise sua historia, seus relacionamentos, o que você espera e o que acha que os outros esperam de você. E o quanto isso influencia nas suas decisões.

Entenda o quanto esse sentimento de culpa aparece por causa da comparação que você faz entre si e os outros. Quanto vem também da obrigação que sente em “cumprir o padrão” que você mesmo/a está criando para si.

Veja quanto fica presa/o ao olhar do outro. Quanto você tenta provar seu valor através daquilo que produz ou do seu sacrifício pessoal?

 

Como se permitir curtir mais os momentos?

Responda por que não pode ter momentos de ócio e de lazer sem culpa, aproveitando o que tem? Que cobrança interna é essa?

O que você não está se permitindo? O que te impede de ser feliz sem preocupar-se com o outro?

Qual é a sua crença em relação à felicidade e ao seu merecimento? Você acha que tem que sofrer ou batalhar muito para ser feliz? Você acredita que se for feliz e não tiver passado por muitos “perrengues” essa felicidade irá acabar?

Você acha que tem que pagar por toda a felicidade “gratuita” que tem em sua vida?

Você tem a sensação de que se vem fácil, vai fácil? Você acredita que pode ser castigada/o por não fazer “algo”?

Quanto você acha que merece ser feliz? De verdade?

O que você acha que merece? Por que não consegue se entregar ao momento?

Você sente que está enganando alguém com isso? Você sente que está desperdiçando seu tempo e usando sua “cota” de felicidade?

Por que não pode se divertir na vida?

O que acontece, o que você sente?

E por fim, por que você não pode ou não merece ser feliz sem esforço?

Com essas respostas você vai conseguir entender um pouco mais sobre o que está por trás do que te sabota e te “castiga” através da culpa que carrega.

Pense nisso e transforme sua vida! Você pode e deve ser feliz sem culpa! Permita-se!

 

Um beijo,

Renata Garcia.

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