Nossa criança interna
Ahh! As crianças! Eu realmente me encanto com elas!!! Me encanta a doçura, a alegria, o olhar de entusiasmo e gratidão com que veem o mundo. Me encanta a espontaneidade e a sabedoria que tem.
Infelizmente, nós adultos vamos lhes tirando tudo isso e apresentando um mundo não tão legal quanto o que elas tinham em si. E vamos podando, tentamos colocá-las em formas e padrões para que sejam “aceitas” pela sociedade e façam seu papel. Mas que papel é esse? Que papel nós criamos para elas?
(Para entender a influência que temos sobre as crianças, clique aqui para assistir a um video!)
Somos nós e nossas crenças, medos e limitações que acabamos atrapalhando essa inocência e potencialidade que elas tem de serem quem são – tão puras e verdadeiras. Fazemos isso porque nós mesmos tivemos que abrir mão disso para sobreviver em sociedade, e porque nos ensinaram assim. Provavelmente porque não sabemos fazer diferente e acabamos repetindo padrões e comportamentos sem nem pensar.
Nosso medo de não saber
Às vezes, temos medo ou insegurança para lidar com as crianças, e “fugimos” porque elas nos tiram da zona de conforto com suas perguntas e comportamentos. E nem sempre sabemos responder ou oferecer o que elas precisam. Isso suscita em nós uma autocobrança para sermos os “modelos” perfeitos e super pais, que sabem tudo e sempre estão disponíveis. Mas elas não nos cobram isso. Elas só precisam de pais presentes e que as amem.
Hoje em dia, há pais que estão experimentando fazer diferente: que estão dando mais vazão à expressão de seus filhos, tentando preservar a essência deles e permitir que se desenvolvam muito mais. É um avanço.
Quanto mais longe estivermos da NOSSA criança interior, mais difícil é deixarmos que as que temos se expressem e simplesmente sejam.
Você sabe o que é sua criança interior? Você sabe o que ela quer, o que ela faz? Você a ouve? Você a deixa se expressar?
Juntei aqui algumas observações do que podemos aprender com as crianças bem pequenas e assim, resgatar o que temos em nós, deixando vir à tona quem realmente fomos e somos.
Que a gente consiga ser mais alegre, espontâneo e livre!
Coisas para podemos aprender com os pequenos
1. Sobre viver o momento.
Elas sabem viver no agora. Brincam concentradas no que fazem, entregues e mergulhadas na atividade.
Aproveitam o momento sem pensar no antes nem no depois; não sofrem por antecipação nem remoem o passado. O que passou morreu, e o que será não lhes pertence.
Veem cada dia como um novo dia, cheio de possibilidades, sem referências ao passado ou futuro, fechando cada ciclo no momento em que o vivem.
*E nós, quanto conseguimos nos desligar do passado, não ansiar pelo futuro e viver somente com a cabeça presente no agora? Conseguimos nos entregar por inteiro a tudo que fazemos?
2. Sobre curiosidade e desejo de aprender.
São curiosas a respeito de tudo e perguntam até se sentirem satisfeitas com as respostas.
Olham o mundo com olhos de novidade e questionam aquilo que os adultos tem como ‘certo, comum ou eterno’. Questionam os padrões e lógicas.
São exploradoras por natureza e tem a mente aberta para aprender cada vez mais. Exploram o ambiente, o brinquedo, o amigo, e usam os sentidos para isso.
Gostam de experimentar e ter sensações novas e são muito criativas, usando a imaginação para resolver problemas e viver seus sonhos. Improvisam com o que tem.
*Será que ainda mantemos essa curiosidade a respeito da vida, questionando os “valores impostos pela sociedade” e coisas que não fazem sentido? Qual foi a última vez que conhecemos algo novo, sem achar que sabemos tudo e não temos mais o que aprender? Quando foi que usamos nossos sentidos para “sentir” e criamos soluções diferentes, saindo da “caixa”?
3. Sobre persistência e medo.
Crianças são persistentes natas! Não desistem do que querem até conseguir, mesmo que precisem fazer 1000 vezes. Não tem o pensamento de fracasso nem duvidam da própria capacidade. Não desistem antes de tentar por medo ou por acharem que não conseguem. Confiam em si para realizar os sonhos.
Não avaliam os riscos, simplesmente fazem. Caem e se levantam quantas vezes forem necessárias, sem criar traumas ou barreiras porque se machucaram.
Não tem medo de ser quem são, fazer o que querem ou de perguntar o que precisam.
*Quantas vezes nos paralisamos por medo de tentar ou de errar novamente? Quantas vezes duvidamos da nossa capacidade e não fizemos algo que era importante para nós? Quantas vezes deixamos de ter satisfação e amor porque no passado fomos feridos?
4. Sobre relacionamentos.
Enxergam sempre o “melhor” de todas as pessoas, não vendo maldade nas coisas. Acreditam em todos, até que provem o contrário.
Se entregam às relações sem medos ou ressalvas. Amam de verdade! Não remoem mágoas e perdoam de coração, esquecendo em seguida.
Não se comparam com os outros nem se importam com as diferenças. Tratam todos como iguais, sem preconceitos. Sentem compaixão e empatia pelas pessoas, mesmo sem entender direito o que passa.
Elas pedem ajuda quando necessitam sem se sentirem fracas ou vulneráveis por isso.
*Devíamos aprender a amar como as crianças amam! Perdoam como elas perdoam, confiar como elas confiam, se entregar como elas fazem… e enxergar o mundo mais igual e melhor.
5. Sobre sinceridade e espontaneidade.
Elas são espontâneas, ouvem o coração e fazem/falam o que querem e quando querem, sem ligar para a opinião dos outros. São verdadeiras consigo mesmas. Mudam de opinião e emoção rapidamente, expressando livremente aquilo que estão sentindo.
São sinceras. Não fingem o que não sentem. Não se veem na obrigação de cumprir regras pelas regras. São livres delas.
*Quando foi a última vez que você foi sincero consigo mesmo e expressou o que queria/sentia (de forma adequada, porque somos “adultos”)? Você costuma respeitar e ouvir o que sente?
6. Sobre simplicidade e desapego.
Não se importam com moda, marca ou o preço das coisas. Gostam das coisas mais simples e se encantam com os detalhes. Se divertem com quase nada.
Apegam-se apenas ao que mais usam e gostam de verdade, sem dó ou preocupação em ficar sem. Vivem na vibração da prosperidade.
Se adaptam às mudanças com facilidade e sem apego. Apegam-se mais às pessoas, não às coisas.
Veem o mundo com simplicidade, não complicam as relações: não interpretam as frases ouvidas com segundas intenções, não fazem rodeios ou usam indiretas para pedir o que querem. Não há vitimização.
*Será que conseguimos olhar para o mundo com esse olhar desapegado e livre? Curtir mais a simplicidade das coisas e as coisas simples? Parar de guardar coisas materiais por medo de precisar delas depois (vibração da escassez)? E quanto às relações, conseguimos enxergar claramente, sem véus nem projeções nossas? Conseguimos simplificar nossos problemas?
7. Sobre conexão com a essência.
Crianças pequenas são as mais conectadas com Deus e o seu deus interior, sentindo no coração essa conexão. E também são conectadas com a natureza e os animais!
São conectadas com seu relógio biológico, respeitando suas necessidades, buscando supri-las imediatamente (fome, sono, xixi, cocô). Comem e dormem o suficiente para saciar aquela vontade, sem excessos.
Ouvem mais seu corpo, suas dores e “entendem” mais como funcionam.
Por estarem conectadas com sua essência, sabem ler as pessoas muito bem e identificar emocionalmente o que precisam.
São gratas a tudo que tem e não reclamam da vida.
* Quanto nos afastamos da nossa essência ao longo da vida? Quanto deixamos de ouvir nosso corpo pedindo água, dizendo que está satisfeito ou que precisa dormir mais? Quanto nos ouvimos e somos gratos pelo que temos?
8. Sobre sonhar.
Não limitam seus sonhos à realidade. Sonham alto, apostando em forças invisíveis que vão lhes auxiliar, e em toda sua força e potencialidade. Estão muito mais conectados com a Lei da Atração e Física Quântica.
Veem o mundo com muito mais magia e tem muita vontade de viver, sempre prontas para a próxima!
*Será que acreditamos em nossos potenciais desta forma? Será que nos permitimos sonhar alto mesmo sem saber direito o que fazer para chegar lá, apenas confiando que vamos chegar? Será que conseguimos enxergar o mundo da forma mágica e leve que elas enxergam?
9. Sobre o egocentrismo.
Até certa idade, o mundo gira ao redor do umbigo delas. Elas não se preocupam com o que os outros dizem ou pensam delas, mas somente consigo mesmas. Na verdade, às vezes nem enxergam o outro.
São egocêntricas, brigam pelo que querem e se põem em primeiro lugar. Tudo gira ao seu redor.
*Tirando o exagero, quando foi a última vez que seu mundo se reduziu somente a você? Quando foi a última vez que você foi se cuidar, se colocou em primeiro lugar e brigou pelo que queria? Quando foi a última vez que você parou de se preocupar com os outros e olhou mais para si e suas necessidades?
Há muito mais a aprender ou “relembrar” com as crianças pequenas. Elas trazem o que há de mais puro e conectado para nos ensinar e nos ajudar em nossa evolução. Trazer a nossa criança interior à tona é viver com muito mais leveza, amor, brilho nos olhos, vivacidade e simplicidade. É curtir essa passagem pela vida de forma mais intensa e feliz! Desperte a sua! 😉
Um beijo,
Renata Garcia.
2 comments for “O que as crianças tem que escondemos em nós”