Psicologia e preconceito
Ainda hoje, o atendimento psicológico pode ser visto com certo receio e preconceito. Muitos ainda tem o pensamento de que quem vai ao psicólogo é louco, doente mental, perturbado ou desequilibrado emocionalmente. Ou ainda, veem quem procura este atendimento como ‘pessoas fracas, incompetentes e insuficientes para gerenciarem sua própria vida’ sem pedirem ajuda. É como se só procurasse psicólogo quem não conseguisse mais resolver os problemas sozinho.
Mesmo os que vão ao psicólogo, muitas vezes se sentem constrangidos e tem vergonha de falar que vão, por medo do julgamento alheio e de se exporem demais. Sentem-se vulneráveis ao falar da “terapia”, passando a imagem de não serem competentes.
Tudo isso porque pouco se conhece do atendimento e seus efeitos, sendo um território conhecido somente por quem o frequenta.
Popularmente, as pessoas até sabem que psicólogo “não é só para loucos”, mas é a última opção quando estão com problemas, ou até mesmo para se conhecerem melhor. São aqueles que dizem: “ah, eu sei que não é só para louco, mas não preciso, não é para mim”, demonstrando no fundo certo preconceito e desvalorização por algo que muitas vezes, nem conhecem. E na verdade, temem.
Este estereótipo começa também porque raramente ouvimos a mídia falar de pessoas (ou vemos em filmes e novelas) que vão ao psicólogo sem estarem em crise, depressão, surto, problemas graves ou serem doentes mentais. E só os desocupados e fúteis tem “tempo para isso” (ou dinheiro).
Psicólogo como luxo!
Além da falta de conhecimento sobre o que é, existe a questão financeira e de duração de uma terapia, que dependendo da linha pode ser longa. A verdade é que ela não está na lista de prioridades de quem precisa cortar custos. Consequentemente, a psicologia fica sempre em primeiro nesta lista de corte, como se estar em paz e em equilíbrio consigo mesmo fosse secundário.
Imagine então, como é difícil procurar um atendimento. Poucos entendem que assim, poderiam evitar ou identificar um surto ou uma doença mais grave.
Mas isso vem mudando vagarosamente também devido ao Coaching, à espirtualidade e a outros atendimentos terapêuticos. Eles tem ajudado a abrir mais a mente das pessoas para entenderem o quão importante é o autoconhecimento. Isso já é um começo de uma transformação social!
Quando procurar atendimento?
Quem procura qualquer atendimento psicológico pode ter inúmeras demandas. Geralmente envolve um sofrimento em alguma área da sua vida que o faz querer sair desta situação em que se encontra. O sofrimento pode estar ligado a querer se conhecer mais para mudar seu estado, a entender suas necessidades, a resolver problemas, a lidar melhor com as emoções…
A procura acontece quando o estado em que se está não é mais satisfatório e vem causando desconforto. Ou quando o coração deseja e sente a necessidade para tal.
A terapia (análise/atendimento psicológico) começa antes mesmo da primeira sessão marcada, quando o paciente procura por ajuda. Neste momento ele já começou a sair da zona de conforto (o que já é uma mudança) e a se preparar para as mudanças e a cura.
Existe uma diferença entre quem procura a terapia e quem é o paciente. Nem sempre são a mesma pessoa. Paciente é quem será atendido. Se quem procurou ajuda não é o paciente, tem que haver uma demanda dele para que haja terapia. Ou seja, se sua mãe, esposa, irmão, amigo, procurou a terapia para você e você foi por consideração a ele/a, ou foi obrigado a ir, será necessário primeiro criar, identificar ou fazer surgir em você (o paciente) uma necessidade para que possa ser ajudado. É preciso estar disponível emocionalmente e preparado para a terapia.
No caso do atendimento de crianças e menores é claro que quem procura a terapia é um responsável adulto. E trata-se de um tipo diferente de atendimento e relacionamento.
O psicólogo clínico ajuda em quê?
O psicólogo pode ajudar o paciente a lidar melhor com:
- problemas de relacionamento
- problemas de aprendizagem
- problemas de identidade e crises existenciais
- distúrbios alimentares
- depressão e distúrbios do humor
- crises, surtos, desequilíbrios emocionais
- transição e escolha de carreira
- ansiedade e estresse
- transtornos psicológicos (pânico)
- vícios
- as mudanças de fases da vida,
- traumas e bloqueios
- ajudar no equilíbrio emocional e bem-estar
- aumentar seu autoconhecimento e poder pessoal
- entre outros.
(Veja também o post Quando levar seu filho/a ao psicólogo?)
Como o psicólogo ajuda? Qual o papel dele?
Cada abordagem terapêutica (linha) tem uma maneira de entender o indivíduo e trabalhar com ele, e tem suas próprias intervenções e estrutura. A duração e método variam também.
O que os atendimentos tem em comum (independente da queixa do paciente), é que o psicólogo irá ajudar o paciente a se conhecer melhor e a se sentir mais equilibrado e satisfeito com a vida que tem e com quem é. Desta forma, o paciente acaba tomando decisões mais claras e conscientes, fazendo escolhas melhores, fortalecendo sua autoestima e segurança.
E para chegar neste autoconhecimento, o psicólogo irá colocar luz nos pontos cegos e sombras, trazendo à tona o conteúdo inconsciente para que o paciente possa ressignificá-lo. Ele irá ajudá-lo a entender como é seu funcionamento mental e psicológico e quais são seus bloqueios, desconstruindo as crenças negativas.
O papel do psicólogo é de ouvir, ajudar a fortalecer o ego do paciente (aqui, não o vilão do egocentrismo, mas a autoestima, a conexão com o mundo) e achar sua força interior, diminuindo as defesas egoicas que lhe afastam da realidade.
Ele vai acolher e ouvir o sofrimento e a queixa trazida, trabalhando o que está por trás deles, ajudando a pessoa a aceitá-los e a mudá-los. Isso acaba diminuindo a dor e sofrimento da pessoa.
Ele trabalha também com as emoções, para que o paciente as identifique mais facilmente, fortalecendo assim, seus recursos psíquicos para lidar com as angústias da vida.
Ele ajuda a pessoa a se conhecer melhor e se amar como nunca, expandindo seu pensamento e entendimento sobre sua estrutura e se responsabilizando sobre sua vida e escolhas. Sem julgamento.
E isso, para todas as idades.
(Veja também o post Fala terapêutica).
O que o psicologo deve e não deve fazer?
É extremamente importante que o psicólogo seja o mais neutro possível, deixando de fora da sessão as crenças, religião, partido político, time de futebol, escolha sexual, julgamentos e críticas que atrapalham a imparcialidade da escuta. Isso significa que ele jamais deve impor algo pessoal, como seus desejos ou sua verdade ao paciente.
Ele não está ali como educador, agente moral, crítico ou senhor da verdade.
Não é função do psicólogo querer “consertar ou curar” algo que não precise de cura. Aquele que quer curar o paciente de algo que ele não traz como sofrimento ou problema, é que precisa ser curado!
Apesar de muitos chegarem ao psicólogo com a expectativa que ele vá dar conselhos e resolver os problemas todos, ele não deve dar conselhos, sair com o paciente*, ser amigo, ou impor seus desejos. Ele deve ajudar o paciente a se encontrar sozinho, sem oferecer respostas prontas, mantendo a distância emocional e ética necessária.
*A não ser que ele seja Acompanhante terapêutico.
Ética! Sempre!
Ele deve também ser muito responsável e ético para não “manipular” o paciente e fazê-lo dependente dele, uma vez que está tão vulnerável em sua posição.
Para isso é necessário que faça terapia e supervisão, para separar as suas coisas das do paciente, e não se envolver a ponto de não conseguir ajudá-lo.
E é importante ressaltar que psicólogo não é médico ou psiquiatra, portanto, NÃO pode receitar remédio algum!
Caso você tenha curiosidade ou dúvidas sobre como funciona uma terapia, procure um atendimento e veja como se sente. Nem sempre achamos facilmente alguém com quem nos sentimos bem, à vontade; por isso, procure até sentir que ali é seu lugar.
Atendimento psicológico é para TODOS, de todas as idades e deveria ser feito pelo menos uma vez na vida! Quem faz ama e sabe quão bom é! Libertador!
Caso precise, estou à disposição para conversarmos! 😉
Um beijo,
Renata Garcia.