E de repente…
De repente, no meio da sua rotina, você e seu cônjuge recebem a notícia: infertilidade do casal. Vocês não conseguem ter filhos naturalmente. E nem importa quem tem a dificuldade, ambos estão no mesmo barco.
E você sente uma solidão imensa, como se ninguém te entendesse, ninguém passasse pelo que você passa. E mesmo que existam milhões de casais com o mesmo problema, a dor é sua. Não há solidariedade que lhe cure, não é verdade?
A primeira coisa que acontece nesta hora é você ter que lidar com as expectativas frustradas, com esta realidade que não tem a ver com o ideal sonhado. É uma decepção, quase como uma ferida narcísica em descobrir que não é capaz. E ter que rever todos os planos e lidar com os limites impensados até agora.
Ao mesmo tempo, o mundo ao seu redor começa a engravidar “sem querer” e você passa a se sentir a pior das espécies e questionar se é algum castigo ou sinal, se você merece ser mãe/pai, ou não é para ser mesmo.
Tudo parece um pesadelo e você começa a ter raiva do mundo, a se sentir injustiçada/o por algo que nem fez. Ou fez? Junto disso vem um sentimento forte de culpa, os pensamentos: “devia ter feito aquilo naquela hora”, e “se eu tivesse…” e todo tipo de justificativa e arrependimento que acaba te colocando numa posição que te tira as forças e o poder para erguer a cabeça e enfrentar tudo de frente.
Isto sem falar nos casais que culpam o parceiro por “ter o problema”… (aí, realmente, temos um problemão!).
É duro, mas não, você não está pagando pelos seus pecados, sendo castigada/o, sendo testada/o, injustiçada/o… NÃO é sua culpa nem de ninguém.
O que fazer?
A primeira coisa a se fazer é aceitar a situação como ela é. É pesquisar e procurar mais de uma opinião para entender o máximo possível o que se passa com vocês. Entender que seu caso é único porque vocês são únicos, mas que existem todas as possibilidades do mundo para resolvê-lo.
Aceitando que esta é a sua realidade você para de se frustrar com cada notícia e procedimento que terá que fazer, e as coisas passam a perder esta carga tão pesada e assustadora. Além disso, você age logo como tem que ser e se apropria do seu próprio tratamento.
Quando você briga para aceitar e entender o que se passa com você porque fica se lamentando, culpando, se fazendo de vítima, quem perde é você mesmo. Perde porque põe o poder, a responsabilidade e o controle nas mãos do destino e do outro. E perde tempo. Só você pode se ajudar e curar.
Depois de encararem esta realidade diferente da esperada, vocês devem fazer o trabalho de se perdoarem em relação a esses limites e livrarem seus corações da culpa. As coisas que lhes acontecem não são para punir ou testar vocês, não são um sinal. Elas vem para lhes ajudar de alguma forma a evoluírem ainda mais e fortalecerem o que já existe entre o casal. Nada é por acaso e as coisas só acontecem quando estamos realmente preparados para elas (não só racionalmente).
E mais…
Outra coisa importante é parar de se comparar com outras pessoas que engravidaram com facilidade, ou “sem querer”, etc etc. Cada um tem seu caminho e cada um sabe de si, não? Se comparar só traz ainda mais angústia e sentimento de inferioridade e você sabe que isso só te atrapalha neste processo. Sentir-se assim, com “pena de si mesma/o”, é um movimento totalmente contrário ao que você precisa para atingir seus objetivos agora. E não, ninguém merece mais do que você ser mãe ou pai. Na verdade, todos merecem.
E umas das coisas mais importantes para o processo dar certo é se apoderar de sua força, de sua vontade; é usar este tempo de “choque de realidade” para avaliar e se certificar do seu desejo. Rever suas atitudes e pensamentos derrotistas e negativos; identificar as dúvidas que você tem de sua própria capacidade e seus medos. É usar este tempo para revelar suas crenças em relação à maternidade/paternidade e entender que VOCÊS tem todo o direito e possibilidades para realizarem o desejo dos seus corações. Confiem.
E lembrem-se de que se aconteceu com vocês é porque tem todas as ferramentas necessárias (psicológicas, biológicas e físicas) para vencerem.
Meditem muito, criem mantras juntos, exercitem as gratidão pelo que tem e são.
Junto a todo este trabalho interno, procurem os médicos de sua confiança, o tratamento que lhes faça sentido, se fortaleçam de pessoas nas quais confiam e partam em busca de realizarem este sonho!
Acreditem em si, no processo, em suas forças. Conheçam-se mais.
Contem comigo!
Um beijo,
Rê Garcia.
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